terça-feira, março 28, 2006

Na Holanda - Nem tudo sao flores!

Mais de uma centena de trabalhadores temporários, deslocaram-se ao encontro realizado por mim em conjunto com a FCPH a FNV e a CGTP, no passado dia 26 de Março de 2006.

Parece-me que ficou bem claro, e de uma vez por todas, que existem problemas graves com os trabalhadores temporários portugueses na Holanda.
Testemunhas disso foram 3 Eurodeputados ( Miguel Portas; Ilda Figueiredo e Ana Gomes) e 1 deputada ( Maria Carrilho), que após escutarem muitas das intervenções, decerto ficaram bem elucidados, e sensibilizados para este grave problema.

Das intervenções dos Eurodeputados, salientaram-se alguns compromissos políticos, e que todos apelaram á unidade, em volta deste problema, independente, da sua cor política. Como foi dito... a hora é de unidade!.

Da parte dos trabalhadores, muitos testemunhos dos seus problemas, laborais, sociais e de habitabilidade. Também muitos testemunhos do tipo de maus tratos e de pressão profissional. Ainda existiram outros que se indignaram contra o facto de se terem dirigido algumas vezes ao consulado de Portugal em Roterdão solicitando auxilio para a verificação de alguns documentos que teriam de assinar ( por exemplo contratos de trabalho) e não tiveram qualquer apoio.
Ou seja demonstram estes trabalhadores, que não só necessitam de apoio, quando têm problemas graves, mas também apoio jurídico.

Mostraram-se indignados pelo facto de não haver ninguém da embaixada ou do consulado neste encontro. Por mim foi-lhes explicado, que tinha enviado uma comunicação da realização do encontro e inclusivamente o Senhor Secretário de Estado das Comunidades, Cônsul e Embaixador sabiam da realização deste Encontro, pis eu tinha falado com eles.
Não os convidei, mas sim comuniquei da realização do encontro.

Existiram trabalhadores de várias firmas, e que relataram muitas das formas que as mesmas utilizam, para deixar os trabalhadores, sem auxilio médico, na dependência dos chefes de trabalho. Quem não estiver apto fisicamente, por eventual motivo de doença, será despedido, e sem lhes pagarem salários.
Outros relataram que vivem em casas em grupo, com pessoas que nunca se conheceram, e que o que pagam de renda de casa, não é mais que uma cama para dormir e por vezes, um duche de agua que nem sempre é quente.

Revelaram, muitas condições de trabalho a que estão sujeitos. Trabalho muito duro, nas estufas agrícolas. Muitas horas quando existem trabalhos para fazer, e sem receber nada de salário, quando não existe trabalho. Enfim práticas de contratação que não são próprias deste tempo, mas que são utilizadas por muitas destas empresas.
Pior ainda como alguém relatou, que quando não existem contratos, nem folhas de salário, onde o produto ganho na semana é entregue dentro de um envelope.

Constataram alguns que existem empresas, que o regime é tão forte, em que a sua liberdade de cidadão está condicionada. Nao podem sair de casa quando querem. Não podem comprar em qualquer supermercado, tem de ser no que é indicado pela firma. Ida ao médico e eventual farmácia só acompanhados de alguém da firma, mas dentro da disponibilidade de tempo destes.

Chocante foi a que foi revelada em nome de uma senhora presente, mas que a emoção não a deixava explicar em que ela e o marido com uma situação de doença quase terminal, foi despedido, sem qualquer subsídio ou auxilio e agora é ela que está á beira do despedimento, por exigir melhores condições sociais.

Enfim um encontro, que os sindicalistas, e eram vários que estavam presentes, deram grande preocupação com aquilo que se está a passar, com estes trabalhadores. Existem condições para que neste momento as duas centrais sindicais estabeleçam um acordo, para que possam incidir no apoio aos trabalhadores portugueses.

Foi criado um grupo de trabalho ( conselheiro das comunidades e alguns trabalhadores) no sentido de cruzar mais informação. Este grupo formou-se sem qualquer dificuldade, dado que foram vários que se disponibilizaram para tal.

As minhas questões finais:

Continuarão a ser só alegações, estas situações dos trabalhadores.?
Será que terão ou não de ser tomadas medidas rapidamente, pelas autoridades locais portuguesas, que sejam práticas no auxílio a estes trabalhadores.?
Continuarão a tratar deste problema da mesma forma?
Será que vai haver vontade política para tratar do problema?

A partir de agora espero que hajam atitudes e actos e menos show-off com este assunto.
Continuarei a lutar pelas melhores condições dos portugueses que trabalham na Holanda, mesmo que ela não seja do agrado de alguns. Durante muitos e muitos anos, assim o tenho feito, não só nesta como em outras ocasiões e disso a Comunidade Portuguesa na Holanda sabe .


A luta continua!!

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